Alguma vez já ocorreu de tentar realizar a degradação forçada com peróxido de hidrogênio e já no primeiro teste percebeu que ocorreu a degradação quase que total do ativo?
E agora, o que fazer?
Tenta de novo, diminui a concentração para 0,3% ou até 0,1%. E mesmo assim em pouquíssimo tempo a degradação ainda é excessiva.
Então, isso ocorre por causa do mecanismo de reação do ativo com o peróxido de hidrogênio. Basicamente o peróxido de hidrogênio reage por dois mecanismos principais: auto-oxidação e ataque eletrofílico.
Em auto-oxidação o peróxido inicia uma cascata de reações radicalares que resultam em abstração de H e consequentemente a degradação do ativo. Mas, o que temos que lembrar é que esse tipo de reação somente acontece quando a energia de dissociação homolítica é próxima ou inferior a 89 kcal (energia de dissociação de HOO-H). No entanto, esse não é o foco dessa discussão.
O ataque elétrofílico do peróxido acontece com aminas terciárias e secundárias e sulfetos (tioéteres). Veja as reações a seguir com amina terciária e sulfeto:
Esse tipo de reação geralmente ocorre rapidamente e o peróxido de hidrogênio é consumido durante a reação. Nesse caso, a melhor forma de realizar os ensaios para obter degradação adequada é fazer o cálculo estequiométrico, de modo que haja equivalência molar entre ativo e peróxido que leve decaimento entre 10 a 30%.
Importante ressaltar que mesmo em estado sólido esse tipo de reação pode ocorrer, especialmente se na formulação do produto houver excipientes que tenham hidroperóxidos como impurezas. Assim é importantíssimo avaliar a formulação e escolher excipientes de maior pureza nesses casos, pois agentes antioxidantes não protegerão o ativo se esse tipo de reação ocorrer.
Autor: Ricardo Sprenger
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Olá !
Estou com uma dúvida neste artigo.